terça-feira, 25 de agosto de 2009

Jornal da Cinform destaca: "Festival de Inverno de Simão Dias produz reação negativa"

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Tudo indica que as coisas foram feitas apressadamente pela secretária Eloísa Galdino. O Cinfiormonline apurou que até o governador Marcelo Déda ficou descontente com o formato do evento. A programação foi desconfortável. Os festivais de inverno costumam ter programação e ambiente mais intimista e mais cult. O de Simão Dias tacou nas ruas estas bandonas xaropes, de massa, do tipo Calcinha Preta.

A propósito de tudo que se passou por lá, dois ilustres filhos da terra escreveram dois importantes artigos que o CINFORM publicou, um depois do outro, em sua secção Opinião Pessoal. Um foi o advogado, ex-deputado federal e empresário Pedro Valadares; o outro foi o jornalista, ator, músico e luthier Nino Carvan. (na foto) Vale a pena relê-los agora. Primeiro o de Pedro, depois o de Nino.

Festival de Inverno de Simão Dias: ‘fui lá, vi e não gostei’
Pedro Valadares (*)

No último fim de semana foi realizado em Simão Dias o Festival de Inverno. Devo admitir que a ideia seja interessante. Mas se fazem necessários alguns comentários. O que na verdade deveria ser enaltecido era o dia 26 de julho, data onde se comemora o Dia da Padroeira de nossa terrinha – Senhora Santana. Não consegui observar na propaganda oficial, espalhada por algumas cidades e até em nossa capital, que estivéssemos comemorando a tão famosa festa de Senhora Santana.

Quando o poder público promove algum produto, se faz necessário que haja um tal de planejamento. A cidade de Simão Dias tem todos os pré-requisitos para ser promovida à cidade do inverno sergipano: tem um clima absolutamente adequado para o tal festival, chega a registrar 12ºC e parece que estamos em um imenso ar-condicionado natural. Nesta época do ano, chove quase que diariamente, dando uma condição totalmente favorável.

Hoje tem um mirante na Serra do Cabral, com infra-estrutura adequada: acesso por calçamento em paralelepípedo, iluminação, restaurante, e uma vista espetacular da cidade de Simão Dias, onde se pode promover várias atividades relacionadas com o projeto. Mas, para se promover um produto turístico, é necessário valorizar aspectos da cultura local. Não adianta apenas levar os ‘Aviões’ dos forrós da vida para o tal festival. Não! Não podemos aceitar passivamente que nossa cultura seja representada por estas bandas.

Algum tempo atrás reclamávamos da invasão das músicas baianas. Hoje são os forrós eletrônicos que, com suas vozes estridentes, só faltam acabar com nossos tímpanos. Tudo bem que é o gosto musical de nossa juventude, que mesmo que não gostemos, temos que respeitar. Voltando ao tema, imaginei que neste tal Festival de Inverno pudesse encontrar feiras de artesanatos, apresentação folclórica, bandas de pífanos, valorização de nossa culinária e até mesmo apresentação de bandas locais e nacionais. Faço uma ressalva: a banda Los Guaranis se apresentou.

No mais, nada disso encontrei a não ser uma desorganização total na praça de eventos: barracas sem padronização, umas em cima das outras, e uma falta de infraestrutura de banheiros e outros serviços para o conforto de quem se aventurou a ir para ver o ‘Festival de Inverno’. Seria necessário, com antecedência, o poder público envolver toda a comunidade. A apresentação de um projeto elaborado por técnicos capacitados – julgo importante – nas escolas para que os estudantes e os professores possam opinar e interagir, pois estaríamos então elevando a autoestima de nossos jovens.

Por que não elaborar, com técnicos do Sebrae, um festival gastronômico de inverno? Por que não promover um festival de música? Por que não promover a apresentação de grupos teatrais e fomentar o surgimento de tantos outros no próprio município, quem sabe até composto pelos nossos estudantes? Por que não promover a apresentação da Orquestra Sinfônica de Sergipe? Por que não incentivar a apresentação dos grupos folclóricos de Simão Dias e de nosso Estado?

Se assim fizéssemos, estaríamos realizando realmente o Festival de Inverno e aí poderia ser complementado com as apresentações das bandas, desde que tivessem elaborado uma grade musical diversificada, prestigiando os nossos cantores sergipanos. Aí os leitores poderiam perguntar: o senhor foi secretário de Turismo do Estado e por que não promoveu o tal festival?

Aí, me antecipando, responderia que algumas ações são especificamente de turismo regional, portanto, caberia às prefeituras promoverem tal festival e solicitar apoio dos órgãos estaduais e federais. Imaginem o órgão de turismo estadual promover as festividades de todos os municípios sergipanos? Alguns projetos têm o caráter estadual, e isto promovemos quando estávamos na condição de secretário de Turismo.

Cito três exemplos: a Vila do Forró, projeto desenvolvido na Orla de Atalaia, com apresentação de quadrilhas juninas, da ópera do milho, de grupos folclóricos a exemplo dos Bacamarteiros de Aguada, do município de Carmópolis, apresentação de artistas locais e nacionais. Relembro que o que mais marcou foi a Vila, retratando assim uma cidade do interior: com igreja, delegacia, bares e restaurantes com comidas típicas. Nas casinhas, os municípios ali representados traziam seus produtos artesanais para vendê-los.

A cidade do chorinho em Laranjeiras, por ser o berço da cultura sergipana e para homenagear o laranjeirense Bitencurt Sampaio, autor da letra ‘Quem sabe, tão longe de mim distante, onde irá meus pensamentos...’ e música de Carlos Gomes, nada mais justo que promovêssemos este projeto onde se apresentaram artistas como Eliane de Lima, Jair Rodrigues, Demônios da Garoa e tantos outros.

A ‘Cidade da Seresta’, em São Cristóvão, sem dúvidas se tornou um referencial. Fizemos nas escolas a apresentação do projeto, envolvemos toda comunidade e com isto elevamos a autoestima de todos sancristovenses. Por lá se apresentaram cantores consagrados de nossa música popular – Ângela Maria, Agnaldo Rayol, Agnaldo Timotéo, Ney Matogrosso interpretando Cartola, Fernando Mendes, Gilliard, Altemar Dutra Jr e tantos outros.

Portanto, espero que esta minha crítica sirva não como uma moldagem para criar problemas políticos à minha querida terra. Longe disso. Espero, sinceramente, que Simão Dias e suas autoridades constituídas amadureçam para fazer de fato um Festival de Inverno que privilegie nossa identidade cultural. Sugiro que dêem uma passadinha em Garanhuns ou Gravatá (PE) e observem do que estou falando. Não precisa copiar. Basta apenas ter como parâmetro. A propósito, quando assumi o mandato de deputado federal na condição de suplente, no mês de julho/2008, apresentei emenda orçamentária para o município de Simão Dias, no valor de R$ 250 mil para eventos turísticos que, lógico, devem ser aplicados em projetos como o Festival de Inverno.

(*) Pedro Valadares é advogado, empresário e ex-deputado federal.


Festival de Inverno de Simão Dias, que tristeza!

Nino Karvan (*)

Fico me perguntando: qual será o motivo para tanta passividade de uma pessoa muito competente e que poderia tomar as rédeas da organização de eventos importantes no município que governa e fazer cumprir o seu compromisso histórico com as transformações e com a boa educação do povo? Estou me referindo, e sem rodeios, ao prefeito municipal de minha terra natal, Simão Dias, o companheiro Dênisson Déda, do PSB.

Formado politicamente no meio das pastorais católicas, e militante petista desde a sua juventude (militamos juntos no PT nos anos oitenta e noventa), esperava no mínimo uma postura mais austera do nosso prefeito Dênisson Déda em relação à organização do Festival de Inverno de Simão Dias. Tomei um susto tremendo quando vi em Aracaju um outdoor divulgando um festival de inverno repleto da pior música produzida na atualidade, guardada a exceção do Los Guaranis, pois esse tem história.

Um evento com esse nome requer oficinas de arte, apresentações teatrais, de dança e, o mais importante, a participação dos artistas locais, seja se reciclando nas oficinas ou mesmo se apresentando em espaços representativos para a cultura local. Ao contrário do conterrâneo Pedro Valadares, que se posicionou aqui nesse semanário, acho que o evento não deveria ter ligação alguma com a festa da padroeira, pois ela, por si só, já tem sua grandeza. Acho que o Festival de Inverno deveria ser realizado em agosto, atraindo ainda mais divisas para o município e climaticamente estando muito mais frio. Já peguei 9°C em Simão Dias no mês de agosto.

Um Festival de Inverno, com letra maiúscula mesmo, certamente engloba cultura de modo geral, gastronomia, enfim, tudo que o município pode oferecer a um público seleto, e Simão Dias tem muita coisa pra se mostrar. Urge um projeto sério na área de turismo. Alguns podem questionar: mas e a infraestrutura? É claro que não temos bons hotéis e/ou pousadas, mas seria um estímulo para se praticar um tipo de turismo muito em voga atualmente na Europa e nos Estados Unidos que é o ‘Bed and Breakfast’ (Cama e Café),que nada mais é que o treinamento e financiamento de pessoas da comunidade que alugam cômodos de suas residências para turistas. Com certeza seria mais uma fonte de renda para uma população que vive praticamente das benesses do Estado. Além, é claro, de estimular investidores a empreenderem na cidade no ramo de hotelaria.

Caro Dênisson, não deixe que os caciques do PSB deem a tônica de sua gestão. Haja com personalidade e mostre a que veio! Não basta só cortar cargos comissionados para enxugar a máquina – isso todo mundo faz. É preciso projeto de desenvolvimento pensando estrategicamente o futuro do município e aprovado como Lei na Câmara Municipal para não se ficar à mercê das circunstâncias políticas e eleitoreiras! Sei que você é um sujeito de bom gosto e capaz de organizar ou liderar a organização de um evento que realmente mereça respeito e atenção de quem gosta de cultura.

O povo? Ah, o povo está ávido por novidades! Dê cultura e verá o salto qualitativo desse ‘rebanho’. A política do pão e circo é mesquinha, é medonha e vai de encontro a tudo que nós sonhamos na nossa juventude, caro companheiro. Creio que não é esse o exemplo que você quer dar a seus filhos e às gerações que virão depois. Convença ‘os grandes’ do PSB do compromisso histórico que o partido tem (o primeiro partido socialista do Brasil) com o novo e com as verdadeiras transformações. Gastar dinheiro do povo entorpecendo o próprio povo é no mínimo triste!
Desculpe-me o desabafo de público. Sei que temos intimidade suficiente para te dizer isso a sós, mas às vezes essas coisas precisam ser ditas de público mesmo, para surtir mais efeito e, afinal, o nosso compromisso é com o povo, não é mesmo? Então esse povo precisa saber das coisas. Sempre ao seu dispor para o que puder contribuir para a nossa cidade, sem necessidade de cargos ou outras coisas tão corriqueiras na política...

(*) É simãodiense, músico, terapeuta e comunicador – ninokarva@bol.com.br

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