quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Jornal da Cidade Destaca: "Edson Valadares: contador das antigas e poeta"

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Edson Almeida Valadares nasceu a 7 de janeiro de 1924, na cidade de Simão Dias/SE. Seus pais: Pedro Batista Valadares e Maria Almeida Valadares.

O pai fugiu de casa aos 18 anos de idade e sem comunicar aos familiares. Após 20 anos, retorna cheio de dinheiro diante do trabalho que fez junto ao marechal Rondon no desbravamento da Amazônia. Compra a fazenda Buriu e passa a morar na cidade de Boquim. Preocupado com a educação dos filhos, fixa residência em Aracaju.

Com seis meses de idade, o menino Edson foi doado aos avós, Estandeslau Carlos de Almeida –fazendeiro – e Maria Fabrícia de Almeida.

Na fazenda Boqueiral, no povoado Samambaia, no município de Tobias Barreto, na proximidade de Poço Verde, seu tempo de infância.

Começa os estudos numa pequena escola da rede estadual de ensino, instalada no povoado, e lá conclui o curso primário. Caminhava 12 quilômetros por dia para chegar à escola, que tinha apenas uma professora normalista, que ensinava de tudo e que pela sua competência representou muito na vida do atencioso aluno.

Como seu pai, Pedro Valadares, desejava ter seus nove filhos formados e com o título de doutor. Aos dez anos, tira Edson da casa dos avós, traz para sua residência em Boquim e o coloca para estudar numa escola particular pelo tempo de um ano.

Com 12 anos de idade vem estudar em Aracaju, como aluno de uma professora famosa, mas que a distância do tempo impede a lembrança de seu nome. Ao término das aulas, com sucesso, faz exame para ingressar no curso de Contabilidade da famosa Escola Técnica de Comércio Conselheiro Orlando. Com seis anos de estudos conquista o diploma.

É matriculado por sua mãe numa escola de datilografia, quando contava com 12 anos. Ao final do curso de três meses, estava pronto para conseguir emprego pela sua agilidade e precisão no teclar. “Cheguei a bater três mil toques em cinco minutos”.

Após o curso de datilografia, deixa de receber mesada de sua mãe pela conquista de trabalho.
Tem o primeiro emprego ainda menino, no cartório de Heráclito Barros, na proximidade do Cinema Rio Branco de muitas histórias na vida de um Aracaju do passado. “Era datilógrafo, batia escritura e procuração e não tinha um erro”.

Com 13 anos recebe proposta de um melhor salário e passa a trabalhar para o advogado Alfredo Rollemberg Leite, irmão do ex-governador de Sergipe, José Rollemberg Leite. “Eu ganhava 10 mil réis por mês e ele me ofereceu 100 mil réis. O Alfredo era um advogado famoso”.

Um tempo em que não existia o processo que permite obter fotocópias por meio de máquina copiadora e as cópias dos processos eram feitas através da datilografia. O serviço do jovem Alfredo incluía viagens pelos cartórios de diversas cidades do interior sergipano para copiar datilograficamente os processos do advogado para quem trabalhava.

Por ser um exímio datilógrafo, aos 16 anos de idade consegue um melhor emprego na Cooperativa dos Usineiros de Sergipe, instalada na chamada rua da Frente (Rio Branco), esquina com Laranjeiras. Além dos trabalhos diversos na cooperativa, passa a prestar serviço ao usineiro Walter Franco antes da sua conquista nas urnas para o Senado da República. “Um dia ele me chamou e me disse que passaria a trabalhar para Leandro Maciel, que foi governador de Sergipe.
O trabalho que me passou foi o de bater chapa na máquina de datilografia para ser distribuída num envelope para o eleitor, com os nomes de seus candidatos na proximidade e no dia da eleição”.

Acusado de comunista sem ser e por nunca ter pensado, é demitido da cooperativa sem ter direito a se defender.

Passa três meses desempregado e com chegada em Sergipe da empresa Itatigre Petróleo, Asfalto e Mineração, da família Priolle, em São Paulo, na sua tentativa de descobrir petróleo no Estado, consegue emprego pelo seu diploma e conhecimento de contador e começa a trabalhar em escritórios da empresa nas cidades de Socorro e de Laranjeiras. “Ela descobriu salgema em Socorro e vendeu muito sal para o Rio Grande do Sul”.

Depois de um bom tempo, a Itatigre passa a sonda que fazia uso em terras sergipanas para o Conselho Nacional do Petróleo e encerra as atividades em Sergipe, mas Edson continua na empresa por receber convite do diretor Orlando Priolle para trabalhar na sede no Rio de Janeiro.

Depois de cinco anos na Itatigre, passa para outra etapa profissional com toda corda e gosto, por ter se dado bem com o Rio, numa época em que era a capital do Brasil. “O Rio de Janeiro foi o meu paraíso. O lugar em que morei durante 50 anos”.

“Fui bancário em 1951 e trabalhei como contador no Banco Ino Pimentel, onde passei três anos. Depois fui para o Mercantil de São Paulo. Lá fui o chefe do setor de conta corrente por três anos. Trabalhava 18 horas por dia e às vezes 20”.

“O árduo trabalho chegou ao final quando respondi um anúncio de emprego para o escritório da
Metro-Goldwyn-Mayer, importante companhia de mídia, envolvida, principalmente, na produção e distribuição de filmes para o cinema e para a televisão. Conquistei emprego de sub-contador, depois de ter sido sabatinado pelo contador geral da Metro, um húngaro que veio acompanhar a instalação do escritório da companhia no Rio de Janeiro”.

Na Metro apenas um ano de trabalho, por ter conseguido emprego no Grupo Joaquim Domingos da Silva com salário superior. “O grupo fabricava fogão e tinha uma Casa Bancária, onde trabalhei por dois anos”.

Faz concurso para a Petrobras e passa em primeiro lugar. “Entre cem contadores só passaram dez. Fui nomeado contador”.

Mora três anos na cidade de Belém e parte para a Bahia a fim de trabalhar na região de produção da Bahia (RPA). “Na época tinha 12 mil empregados, 400 embarcações, dois mil veículos e no setor adminstrativo que respondia comandava 200 funcionários. Não existia computador, trabalhávamos com tabelas de custo e tínhamos de apurar o custo de cada sonda, de cada embarcação, etc”.

“Na verdade, ninguém queria ser chefe do setor de contadores. Um suicidou-se, outro foi demitido e chegando de Belém aceitei, mas foi o abacaxi da minha existência” (risos).

Em 1978, é chamado para trabalhar na sede da Petrobras no Rio de Janeiro, no cargo de assistente da Diretoria Financeira. “Naquela época, a Petrobras começou a trabalhar com manuais. Juntamente com um colega, preparamos o primeiro Manual Financeiro”.

Aposenta-se como funcionário da Petrobras em 1977 e a convite de Sílvio Massa, colega do seu tempo na Petrobras e que é nomeado presidente da Codec, passa a ser assistente do contador auditor geral. “Três meses depois, o auditor geral foi para a Petobras e fiquei no lugar dele. Na Codec foram oito anos. Auditei na França, nos Estados Unidos, no Canadá, Alemanha e Panamá.
Como sabia inglês, francês, espanhol, um pouco de italiano e português, me virei” ( risos).
Mora por seis anos na cidade de Ilhéus/BA com todo o tempo do mundo. “Resolvi escrever poesias e fiz um livro de contos”.

Casado com uma sergipana de Tobias Barreto e pelo desejo das duas filhas de estudar em Aracaju e cuidar da mãe, deixa Ilhéus e volta à capital de Sergipe em 2001, fixando residência na avenida Gonçalo Rollemberg, 1.740.

É pai do professor universitário Dr. Carlos Roberto Valadares, com residência no Rio de Janeiro, de Edmeire Valadares, a quem considera como uma ds melhores psicólogas do Brasil e que também mora no Rio de Janeiro, de Hércules Valadares, que mora em Aracaju e cuida da mãe, de Débora Valadares e Deise Valadares, poeta e psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe.

Na volta definitiva à capital de Sergipe, apaixona-se e casa com Maria Zenaide de Almeida.
“O meu livro de poesias com 500 páginas acha-se numa editora carioca para uma próxima edição”.

Fonte: Jornal da Cidade
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