quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Safra de grãos teve aumento de 250,6%

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Os pequenos produtores de milho e feijão de todo o Estado celebram a safra recorde de grãos. O levantamento realizado pela Emdagro aponta que, entre 2007 e 2009, a produção de milho passou de 237 mil toneladas para 593 mil, o que representa um crescimento de 250,6%. Desse montante, 70% foi gerado pela agricultura familiar. Já a estimativa da produção de grãos (milho e feijão) indica que Sergipe passará das 284,9 mil toneladas computadas em 2007 para 631,1 mil toneladas em 2009 - um aumento de 221%.

De acordo com o presidente da Emdagro, Jéferson Feitoza, o incremento exponencial da produção é consequência da política de priorização da agricultura familiar estabelecida pelo Governo de Sergipe. “O investimento realizado em assistência técnica e capacitações para o pequeno agricultor, a política de zoneamento agrícola, de integração ao mercado, o processo de distribuição de sementes, de produção de bancos de sementes e medidas emergenciais como o aluguel de tratores foram fatores decisivos na ampliação desses números”, disse.

Feitoza também destacou a importância da ampliação e otimização de cada uma dessas medidas ao longo dos últimos dois anos e meio. “Mais do que duplicamos o número de agricultores atendidos pela assistência técnica: de 14 mil, pulamos para 35 mil. Também avançamos muito em relação às sementes. Se antes de 2007 havia um programa de distribuição de grãos, hoje temos um programa de distribuição de sementes de alta qualidade. Tanto que, até hoje, não recebemos reclamações de um único produtor sobre a capacidade germinativa delas”.

O presidente da Emdagro citou ainda a busca do Estado pela autosuficiência na produção de sementes como um fator impulsionador. “Sergipe não produzia uma única semente de milho. Tínhamos de buscar sempre fora. Mas aos poucos estamos fazendo com que alguns produtores de grãos se convertam em produtores de semente, ou seja, produtores mais qualificados. Hoje, mais de 30% das sementes usadas em Sergipe são produzidas aqui. Quando se faz isso, o dinheiro fica e circula no Estado. Estamos trabalhando para alcançar isso e atingir os 100% de autonomia”, declarou.

Otimização do cultivo e mercado

Feitoza ressaltou também o apoio da pesquisa para a realização do zoneamento, que se trata da definição das áreas mais adequadas ao cultivo. “Estabelecemos que culturas ou espécies devem ser cultivadas em certos solos. A tecnologia nos ajudou para isso, trabalhando variedades de sementes para reduzir o prazo entre plantio e colheita. Isso é muito importante em um estado como o nosso, onde temos chuva concentrada em uma época muito restrita, diminuindo o tempo fértil. Com essa otimização do zoneamento, o milho que antes levava 90 dias para ser colhido, por exemplo, levará cerca de 47 dias”.

Outra iniciativa frisada pelo dirigente da Emdagro foi a preocupação com o preço dos produtos no mercado. “Há várias políticas de aquisição da produção e de preço para que o agricultor produza tranquilamente. Uma delas é a política federal da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], que estabelece um preço mínimo para o produto e faz com que o trabalhador plante sem medo, assegurando que ele guarde sua produção”, explicou.

Ainda segundo Jéferson Feitoza, o aluguel de mais de 30 mil horas de trator, uma das várias medidas promovidas pelo Governo de Sergipe para amenizar os prejuízos da estiagem, garantiu que o produtor não perdesse tempo. “A seca foi até maio, com a chegada da chuva logo depois.

Desse jeito, o tempo para que o produtor pudesse limpar e preparar o solo ficou muito curto. As horas de trator, assim, deram aos agricultores cadastrados a oportunidade de agilizar seu trabalho”, disse. Encerrada no fim de junho, a medida beneficiou mais de 10 mil agricultores em 29 municípios.

Prioridades

O secretário de Estado da Agricultura, Paulo Viana, assinalou que tudo está sendo feito para que o agricultor usufrua o máximo da excelente fase da safra sergipana. “Estamos mobilizando os produtores para que fiquem atentos ao mercado. E sempre os estimulamos a negociar de forma coletiva para o alcance de um preço remunerador. Para ajudar ainda mais nesse processo, o Governo vai implantar uma bateria de armazéns e orientar sobre o associativismo na comercialização em todos os municípios. Porque, sozinho, o agricultor não tem poder de barganha. É preciso que todos se unam para que o produto tenha mais saída”.

Ajuda fundamental

A satisfação é uma constante para cada pequeno produtor sergipano de milho ou feijão. O sorriso fácil do agricultor Antônio Oliveira é a comprovação disso. Em sua propriedade, ele plantou com facilidade 14 tarefas de feijão. E o terreno de seu irmão, logo vizinho ao seu, já está coberto por um vasto e alto milharal. “Essa safra vai ser bem melhor que a do ano passado. E tudo por causa da semente boa, da orientação que nos deram na hora de adubar, e, é claro, da chuvinha na hora certa”, disse.

Antônio também frisou o apoio que os produtores têm recebido para vender seu produto mais facilmente. “A ajuda que o Governo vem dando para controlar o preço dos grãos é fundamental. Isso dá um jeito nos atravessadores e fortalece nossa renda. Se continuar a ser feito, vai ser muito bom pra nós”.

O produtor José de Jesus, o ‘Zé de Rafael’, foi outro que se dedicou ao feijão: 17 tarefas de seu
terreno são repletas das plantas rasteiras que originam a semente. Participante de várias capacitações e beneficiário da assistência técnica constante da Emdagro, José mostrou orgulhoso as inúmeras sacas empilhadas em seu pequeno armazém.
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